Wednesday, May 31, 2006

Quando os olhares de dois desconhecidos se cruzam

Bruno S.: homem de 32 anos, divorciado desde 2004. Fernanda L.: mulher solteira, de 25 anos, que acabava de terminar mais uma relação.

A maior frustração de Bruno foi ver seu casamento ir completamente por água abaixo. O naufrágio da sua vida afectiva e das suas esperanças. Eram cinco anos de convivência, numa paixão fulminante e avassaladora. Idolatrava a esposa. Sempre esteve claro – talvez nunca tão claro como depois do divórcio - que ele era muito mais apaixonado por ela do que o contrário, mas ele acreditava que com o tempo, com o convívio, com as experiências que teriam em conjunto, ele sentiria a mesma reciprocidade amorosa por parte da esposa. Perguntar se era amado na mesma proporção era inútil, e só ajudava a demonstrar a sua insegurança. Apesar de ouvir sempre um sim – às vezes vago ou por vezes dito quase brutalmente, como quem diz «Porra, porque estás a me fazer novamente essa pergunta?» - por que sentia sempre a sensação de que aquela palavra era oca? Porque não era só a palavra oca, mas todos os momentos vividos, que, apesar do seu esforço, das boas gargalhadas que deram em conjunto ou do bom sexo que já tivessem feito, sempre pareciam superficiais.

A maior frustração de Fernanda era ver a sua lista de namorados – e consequentemente sua lista de ex-namorados - crescer, de forma assustadora. “Não é dessa vez que vai se casar” – dizia algum familiar de modo irónico e confiante, num tom que se denunciava como fosse uma das misteriosas profecias de Nostradamus. Quando não era isso, casualmente ouvia piadinhas de alguma amiga, a perguntar se o namorado de quem falava agora era o mesmo da última vez, ou se já era o próximo da concorrida fila. Fernanda não se considerava necessariamente romântica, não idealizava uma relação ao começá-la, por acreditar que tal comportamento só poderia gerar uma ilusão, e não tinha o desejo de viver uma mentira. Era o que tinha aprendido até aqui. Não queria um homem qualquer. Queria alguém especial. Se não deixava de se aventurar em novos relacionamentos, era justamente por acreditar, no fundo, em seu íntimo mais oculto e covardemente disfarçado, que este um dia chegaria. Não precisava ter nenhum cavalo branco, não queria um conto de fadas, mas justamente o contrário: algo verdadeiro, real. Que adiantava ter tantos números de homens apetecíveis e interessantes no seu telemóvel se, quando mais se sentia sozinha, não poderia contar com nenhum deles? Mas se quisesse dar uma queca, nem precisava falar duas vezes. Desejava sim, ter uma relação mais séria, duradoura, porém nunca conseguiu manter qualquer relação por mais de um ano. Não acreditava em karma, mas sua desesperança costumava fazer inclusive que ela duvidasse das suas próprias crenças pessoais.

Durante todo o tempo, Bruno se culpava pelo término da relação. Apesar de ter feito questão de satisfazer todas as vontades da esposa, parecia claro que teria falhado em alguma parte, em alguma altura. Não conseguia lembrar-se de qualquer falha. Sempre fora uma mistura de homem romântico com homem aventureiro. Na cama gostava de inventar formas novas de explorar o corpo da esposa, e, só mesmo se ela fosse uma grande actriz que conseguiria ter fingido daquela forma. Não acreditou, entretanto, quando, no primeiro ano de casamento, num jantar romântico que ele próprio havia preparado para comemorar a data, ela informou, secamente, que queria o divórcio. Ela podia estar cansada, entediada, na TPM, ou sei lá mais o quê. O que não poderia era estar ali, tão fria e distante, pedindo o divórcio num dia que seria tão especial para os dois. Não lhe deu ouvidos, mudou de assunto, cantarolou, falou sobre a comida e sobre a disposição correcta dos talheres, mas não quis ouvi-la, qual um menino mimado que não gostava de ser contrariado. Como ela era 6 anos mais jovem que ele, achou – ou preferiu achar, porque lhe parecia mais conveniente e agradável na altura - mais sensato concluir que seria apenas uma atitude boba e infantil, que passaria logo. O que não parecia sensato era a sua esposa, depois do primeiro ano de casamento, e sem nenhum motivo concreto aparente ou verbalizado, estar a pedir-lhe o divórcio! Depois pensou que, se tivesse lhe dado ouvidos na altura, teria evitado pelo menos o facto de quatro anos mais tarde ter sido humilhado e ridicularizado com a traição. Ou pelo menos tinha sido nessa altura em que a traição foi descoberta, ou melhor, ela mesma contou-lhe, não poupando qualquer detalhe miserável e torturante no seu momento de fúria.

Já a Fernanda não tinha esse tipo de preocupação. Nunca havia se casado, nem nunca tinha chegado tão perto. Em contrapartida suas relações sempre foram muito complicadas e complexas. Suas amigas, na maior parte casadas – porque sempre se casavam antes dela, porque sempre encontravam o tal homem certo… seria ela assim tão azarada ou estaria a procurar no lugar errado, por frequentemente se envolver com pessoas do seu meio, ou aquelas que já conhecia minimamente por uma data de anos? - diziam que ela estava sendo muito exigente com os homens. Deveria se contentar com qualquer Senhor Merdinhas, aturar desaforos e viver insatisfeita, apenas para não levar o título de mulher exigente? “Será que é verdade que sou mesmo tão exigente?” – é o que ela se perguntava, algumas vezes, enquanto se olhava no espelho, na vã tentativa de ter uma conversa com ela própria. Rafael, seu último namorado, havia lhe comprado flores e bombons. Levou-a num restaurante bem frequentado, brindaram com duas taças de vinho. Era o tipo “sedutor-romântico”, o que ela apreciava, por contrastar justamente com a sua própria falta de romantismo, que ela rotulava como “objectividade” ou “senso prático exagerado”. Ou, talvez bem no fundo do seu subconsciente, medo. Medo da entrega, medo de uma nova decepção, medo de demonstrar sentimentos e sair ferida. Uma certa noite depois de tantas outras românticas, depois de saciadas as dúvidas que tinham em relação ao outro, depois de toda a conversa mole, papo, papo, papo, e talvez sem mais nada para conversar… seria a primeira vez que ela fazia o convite para ele subir ao seu apartamento. Até então não tinha acontecido nada de tão quente na relação deles. No máximo alguns beijos cinematográficos, daqueles em que ficamos na dúvida se houve ou não língua. Como tinha terminado uma outra relação muito recentemente, quando o conheceu não quis partir logo para o sexo, pois dizia não estar preparada. Ele ainda nem tinha tocado no assunto, mas ela adiantou-se, não gostava de rodeios, e sabia que um dia esse seria o tema da conversa, ou, senão, seria a intenção clara depois de alguns toques mais picantes e insinuadores. Quando eles subiram pelo elevador e mal acabava de lhe mostrar o seu quarto – tinha mostrado a sala, a casa de banho e a cozinha, não havia mais nada para mostrar além do quarto – ele veio logo com os seus tentáculos, aquelas mãos de polvo em cima dela, agarrando, apertando suas mamas e a seguir colocando uma das mãos entre suas pernas (não exactamente nessa ordem; as mãos pareciam ter se multiplicado e com tamanha surpresa ela não conseguia nem perceber onde exactamente ia sendo tocada). Ela assustou-se. Não devia ser assim tão rápido. Ou talvez porque, na verdade, tenha achado que o seu comportamento na cama fosse idêntico ao seu comportamento no meio social. Dessa vez resolveu ceder, tirando a roupa e atirando-se com ele na cama. Tinha um pénis médio, branco, com a cabeça muito avermelhada. Ele parecia ter tanta pressa que quase se “esquecia” de colocar o preservativo. Estava montada em cima dele, e até estava a ser agradável, quando então ele gritou: “Goza pra mim, minha putinha”. Era a segunda vez que era chamada de puta. Não que fosse contra os jogos de palavras na cama, mas porque sempre lhe pegavam desprevenida. Com o José Carlos, um outro ex, talvez o número 8 ou 9 – não eram assim tantos a ponto de ter que arquivá-los por ordem alfabética - acontecera a mesma coisa. Só foi um pouco diferente, porque com o José Carlos ela não chegou a estar na cama. Ele chamou-lhe de puta justamente por esse motivo: por ela ter terminado a relação, antes mesmo de terem tido a oportunidade do sexo. Ela já havia namorado dois amigos dele – só veio a saber mais tarde que frequentavam a mesma universidade - e não entendia porque alguns homens acreditavam que, por uma mulher ter dado a cona para alguém, teria a obrigação de também dar-lhes a eles. «Minha cona não é comunitária»- praguejava em pensamento. Seu espanto na cama com o Rafael foi porque aquilo não condizia nada com o seu modo de estar, sempre cheio de romantismos. Terminou a relação no próximo encontro. Sentia-se conformada pelo facto de, algumas vezes, ter sido ela a terminar a relação. Namorou o Dênis, um rapaz todo safadinho, um ano atrás. Ele era todo tarado, nunca se importava quando as calças denunciavam seu pau duro, e ficava inclusive a brincar com o próprio nome, dizendo que Dênis rimava com Pénis. Não lhe fazia juras de amor, mas estava confiante de que era um tarado na cama. Fantasiou logo que ele seria um vulcão. Seria um homem que já chega arrancando sua roupa, que vai lambê-la toda, chamar por nomes ordinários, etc. Dessas vez iria preparada e isso era bom. Gostava de ter o controle das coisas, mesmo quando hipoteticamente seria controlada. Mas quando resolveu ir para a cama com ele – não demorou tanto dessa vez, apenas duas semanas depois de saírem, mas ela precocemente acreditava que já conhecia tudo sobre ele desde a primeira meia hora de conversa, porque as demais foram sempre semelhantes, com seus gracejos e exibições - depois de tanta publicidade, outra vez a personalidade não condizia. Ele chegou no quarto, tirou a roupa, e nem mostrou que ajudaria a desabotoar seu sutien. Ficou parada, esperando que ele tomasse alguma atitude, mas ele deitou-se. Foi ela a ter que fazer tudo: a fazer seu pau ficar em pé com o broche – aquele que sempre estava duro quando ele talvez soubesse que não iria ter sexo com ela - a sentar em cima, a balançar, a rebolar. Ele gozou, em silêncio, mas ela fingiu orgasmo. Começou a crer que as pessoas não passam de uma camuflagem, e que não expressam na personalidade o que são sexualmente.

Bruno por vezes era arrastado pelos amigos, que diziam que ele teria que dar uma queca rapidamente, e esquecer a ex-mulher. Fernanda isolou-se no seu apartamento, acreditando que o erro estaria nela. Ao mesmo tempo, não suportaria uma relação apenas para mostrar para os outros que alguma coisa tinha dado certo.

Estariam os dois tão decepcionados com os seus parceiros a ponto de não desejarem mais qualquer contacto sexual? Não. Não é apenas o orgasmo que fazia falta. Este consegue-se também sozinho. Por vezes, até sem muito trabalho, bastando comprar os acessórios certos numa boa sexshop. Mas o sexo fazia falta porque o que necessitavam era do toque. Sentir que é desejado por alguém, desejar alguém. A penetração é uma consequência desse desejo arrebatador. Não é só sexo, orgasmo, desejo, mas a carência e a solidão pessoal, de sempre esperar encontrar alguém diferente, alguém que combine, que complete, e até mesmo que rime, mas nunca ridiculamente como Dénis com Pénis. Amor rima com dor, mas não era exactamente o que queriam. Sabiam que não existe amor sem dor, mas que existe dor sem amor. Entretanto, porque quando há amor com dor, parece sempre haver mais dor que amor? Por que será que a dor parece ser tão forte, e parece machucar tanto que o amor parece misturar-se com ela, até que tudo um dia seja apenas dor? «É porque ainda não é possivelmente Amor.» - conjecturavam os seus pensamentos noctívagos mais profundos, enquanto viravam-se de um lado para o outro em suas camas frias e solitárias ou quando caminhavam sem rumo na escuridão, absorvidos pela incómoda insónia.

Bruno chegou a ir para a cama com uma mulher, apresentada pelos amigos. Saiu com uma primeira, simpática à primeira vista, faladora, sensual… mas que na cama era fria como uma pedra de gelo. Tudo parecia muito mecânico e artificial nela. Talvez o seu par de peitos de silicone fosse o que ela tinha de mais verdadeiro. Com uma segunda, aspecto tímido e cara de mulher para casar, faltava diálogo. Tudo bem que era apenas sexo, não estava disposto ou preparado psicologicamente para enfrentar um novo casamento, mas precisava da conversa, pelo menos nos pequenos momentos em que não estivessem a fazer sexo. «Quer ler uma revista até que eu esteja novamente com tesão de comê-la?» - não, não seria nada muito agradável nem mesmo usual. Evitou muitas outras mulheres. A terceira – sim, apesar de relutante, houve também uma terceira - era um tanto quanto ríspida. Pagou o hotel, encheu-lhe de mimos… e também encheu-se dela, porque era uma mulher que reclamava imenso da vida, o que até lhe fez cair uma enxurrada de culpa por não ter gostado da companhia da calada. Não entendia porque estava ali metendo numa mulher, sabendo que nem ele nem ela estavam felizes – ou pelo menos realmente felizes - com a companhia um do outro, ou que talvez, longinquamente, apenas o sexo, naquele momento, lhe interessava. Talvez amanhã, nem o sexo com ela interessaria. Procuraria uma outra mulher, porque com aquela não gostava de estar. Continuava a relação sexual, mesmo sendo o prazer apenas físico, porque, afinal, não pararia o sexo depois de ter começado. Parecia contente quando ejaculou e ela pareceu ter um orgasmo – parecia fingido, mas o que isso importava, se não pretendia vê-la novamente? – e sentiu uma sensação de alívio. Mais contente ainda ficou – e saber disso fazia com que sentisse uma profunda cólera – quando ela acabou adormecendo. Quando foi que a vida se tornou assim tão supérflua? Quando foi que o seu tempo deixou de ter valor e agora era tão desperdiçado em momentos tão insignificantes?

Do outro lado da rua, num apartamento de frente para o hotel, Fernanda, depois de ter apagado a luz e acendido uma vela, se masturbava, olhando sua própria sombra na parede. Assim que gozou, relaxando todos os seus músculos, tomou um duche e vestiu uma t-shirt, preta, e uma cueca, branca. Gostava muito de usar tons sóbrios. Pegou um cigarro e foi fumar na janela, enquanto observava pessoas a passar. Ia acompanhando cada pessoa, escolhida ao acaso, até que esta desaparecesse no fim da rua. Via casais apaixonados de todas as idades, e sentiu uma ponta de inveja.

Apagou o cigarro no cinzeiro e voltou para fechar a janela. Quando levantou os olhos, notou que, numa janela do hotel, mesmo em frente à sua, havia um homem em tronco nu, a olhar para o nada. Acabou não fechando a janela, ficando ali, a contemplá-lo, sem razão específica, até que aqueles olhos se encontraram com os seus. Ficaram se olhando, mas com pensamentos muito longínquos da imagem recebida pelo campo óptico. Quando perceberam que estavam se olhando fixamente, ele ainda tentou disfarçar, incomodado por ela ter notado que ele olhava para ela. Estimulada pelo constrangimento dele, ela manteve seus olhos firmes, penetrantes.

Atrás dele uma desconhecida dormia, depois do sexo.

Sentiu uma excitação diferente, e pela primeira vez ela resolveu fazer uma loucura. “Desce!”- ela dizia sem pronunciar som algum, apenas fazendo um sinal com os braços e movendo os lábios. Meio sem entender, talvez hipnotizado por aqueles olhos tão penetrantes, ele disse que sim com a cabeça. Ambos entraram em busca de suas roupas e desceram. Ela já estava na portaria do hotel, aguardando. Ele ainda foi buscar a carteira e o casaco, tudo o que tinha levado para o hotel.

- Olá. – ela disse, como se fossem velhos conhecidos.

Caminharam até um café, ali perto, às vezes com silêncio ou palavras muito espaçadas, ditas com calma, como se ainda estivessem a reflectir muito antes de cada palavra que seria pronunciada.

- Desculpe, eu não sou de fazer esse tipo de coisas…
- Ainda bem que fez. Eu vi você olhando para a rua, mas tentei disfarçar. Se você não tivesse me chamado, talvez nunca teríamos oportunidade de falar, de estar aqui agora.
- Já reparou em quantas pessoas passam pelas nossas vidas, mas que nunca tivemos oportunidade de falar com elas?

Um silêncio de concordância com a cabeça. Ambos olham para o chão que vai ficando para trás a cada passo. O único som que se ouve, interrompendo aqueles pequenos espaços de silêncio, é o do pequeno salto dos sapatos da Fernanda, que pisavam com delicadeza as pedras da calçada.

- Acho que deve ter me apetecido sair com um desconhecido hoje… - ela riu, e agora parecia mais tímida.
- Às vezes pensamos que conhecemos as pessoas, mas depois percebemos que elas não passam de pessoas desconhecidas.

Foi ela que concordou dessa vez, silenciosamente. Ah, se ele soubesse que esse tinha sido o resumo da sua história!? Ah, se ela soubesse que esse também era o resumo da sua!?

Olharam-se, enquanto brincavam girando o gelo no copo de licor que pediram.

- Gostaria de fazer amor comigo? – ela perguntou de forma calma, suave e directa, cercando seus olhos.
- Hummm… Como? – quase engasgou, tamanha surpresa.
- Gostaria de ir para a cama comigo? – resolveu mudar a abordagem.
- Não sei… - seria ela um prostituta? Pensou em perguntar quanto cobrava, mas achava melhor deixar que ela falasse. Ou seria uma louca qualquer que tinha o marido em casa e queria pregar-lhe uma peça?
- Não sabe??? Quer ou não quer? – voz meiga, voz penetrante… será um jogo de sedução? Seria ela uma mulher que quisesse se vingar de algum ex-namorado pateta, descontando sua fúria no primeiro ser do sexo masculino que encontrasse pela frente?

Apesar da desconfiança, alguma coisa naquele olhar causava a sensação de estar sendo enfeitiçado. Desconhecia o motivo, mas sentia-se estranhamente à vontade para se entregar. Sabia apenas que aquela mulher estranha, que acabava de lhe fazer um convite também estranho (e surpreendente, porque tinha sido sempre ele a abordar as suas “vítimas”, e. quando não, eram os amigos que apresentavam mulheres para que ele seduzisse para o propósito sexual) causava uma grande reacção dentro dele.

- Sim… Quero… Claro que quero, mas…
- Mas?
- Eu nem sei o seu nome.
- Não precisa de saber… Somos dois desconhecidos… E não é o que toda a humanidade é? Não vai ser contando toda a minha vida e ouvindo a sua história que nos tornaremos pessoas mais confiáveis.
- Você tem razão.
- E tem mais… Eu não estou te pedindo em casamento… Eu só estou perguntando se você quer ir para a cama comigo.

Era a primeira vez que estava com uma mulher que não lhe pedia nada em troca, que não lhe impunha nada, que era tão frontal e objectiva. Era a primeira vez que a abordagem partia dela, e para isso ele não tinha que ter qualquer trabalho imaginativo para convencê-la a estar na sua companhia. Era ela que pedia, ela que queria, sem conhecê-lo, sem saber nada. Não queria lembrar da mulher fria, aquela que acabava de deixar dormindo no quarto do hotel para vir ao encontro de uma desconhecida. Essa mulher misteriosa, de cabelos castanhos e olhos grandes, com uma tentadora silhueta inegável, queria-o nesse exacto momento. Não se preocuparia com o amanhã antes que este chegasse.

Entraram no elevador e ela apertou o botão do quarto andar. Tirou as chaves de um bolso e abriu a porta, num movimento seguro.

Depois de ter conhecido a sala por poucos segundos, entraram directo para o seu quarto, apenas iluminado por uma vela, e ficaram olhando um para o outro, em silêncio. Suas mãos e as dela pareciam ter vontade própria. Quando percebeu, já tinha despido toda a roupa dela, deixando-a nua, iluminada pela luz da vela.

Despiu-se com sua ajuda e manteve-se nu, na sua frente. Seus olhos se encontram, e suas bocas se tocaram num beijo intenso, como se fosse um beijo desejado desde sempre.

Rodou em volta do seu corpo, beijando-lhe o pescoço e esfregando as mãos na sua cintura. Uma música tocava em suas cabeças, e seus corpos dançavam, nesse mesmo ritmo.

Caminharam até a cama, abraçados, sentindo o corpo nu e quente um do outro. Passou a mão esquerda pelo centro das costas bem delineadas dela e com a outra segurou na sua cintura, deitando-a na cama.

Colocou seu corpo em cima do dela. Estava excitadíssimo, mas queria estar ali a explorar aquele corpo, aquele momento, aquela loucura divinal. Beijou sua boca, beijou seu peito, e depois beijou sua barriga macia e sardenta.

Voltou a beijar sua boca, e tocava o seu grelinho com a mão. Seu corpo se levantava, seguindo o ritmo do seu toque. Pegou-lhe nos ombros, fazendo sinal que se deitasse de costas. A respiração dela parecia música.

Seu rabo era macio e sedoso, e, deitando levemente por cima do seu corpo, seu pau ficava se encaixando no seu rego.

Viu um frasco de óleo na sua cabeceira. Encheu as mãos com aquele óleo e começou a lambuzar-lhe as costas, fazendo uma massagem delicada e depois aumentando a intensidade. Colocou seu cabelo para o lado, e também espalhou óleo no seu pescoço. Desceu as mãos pelas suas costelas, e depois subiu. Ela sentia o peso daquelas mãos deslizando pelo seu corpo. Ele desceu um pouco mais, apalpando e acariciando o seu rabo, passando óleo até no seu rego, com um dedo só, e depois passando óleo no seu cuzinho. Desceu mais, apoiando uma mão em cada perna, fazendo com que elas recebessem todo aquele óleo. Levantou seus pezinhos na altura da sua boca, e começou a beijar-lhes, lambendo alguns dedos com a ponta da língua. Depois acariciou com óleo, cada pedacinho delicado daquele pé de tamanho 36. Deitou seus pés novamente na cama. Acariciou a planta do pé, foi subindo, chegou ao joelho, subiu mais, e estava novamente no seu rabo. Acariciou seu cuzinho outra vez, e excitava-se cada vez mais observando seus pêlos se arrepiarem.

Desceu a mão direita e colocou debaixo da sua coninha. Levantou o dedo indicador e deixou no meio do seu clitóris, e ela ficou ralando seu grelinho nele, enquanto ele lhe acariciava o rabo com a outra mão. Com braços ágeis, virou seu corpo de frente, e espalhou óleo por todo o corpo dela, excepto a cona e os seios, que deixaria por último, para seu maior prazer. Espalhou bastante óleo nas suas mãos, e pegou seus seios com suas mãos fortes, e fazia movimentos circulares. Pegou seu pau e colocou no meio deles. Ela segurava-os, e ele sentia seu pau no meio de dois seios molhados de óleo, quentes e desejosos. Desceu até sua coninha, e esteve a passar óleo por ela toda, como se estivesse a untá-la para receber seu membro. Ela respirava, seu peito se levantava, com o pulmão tão cheio de ar.

Penetrou. Sua cona estava quente e húmida. Deitou seu corpo no seu, sentindo o mesmo óleo ir espalhando-se pelo seu próprio corpo. Seus corpos escorregadios arrepiavam, e suas mãos passeavam pelos corpos um do outro, querendo explorar cada pedaço. Ela gemeu, e ele sussurrou no seu ouvido o quanto ela era deliciosa. Meteu e deixou o pénis estar lá dentro por 3 segundos. Levantou um pouco mais e meteu novamente. O corpo dela subia e descia junto com o seu. Suas respirações aceleravam, até que então explodiram num grande orgasmo.

Deitaram e dormiram depois de muito tempo de trocas cúmplices de olhares, ainda ouvindo aquela música imaginária que parecia tocar. Não se preocupou com a mulher que dormia no hotel. A diária do hotel estava paga, e não ia se preocupar com aquela noite angustiante que tivera, se agora havia tido – de forma física e até mesmo espiritual – a melhor experiência sexual da sua vida. Uma comunhão de dois corpos, e também de duas almas.

Bruno concluiu que seu erro tinha sido o seu egoísmo. Ao mesmo tempo que tentava agradar a ex-esposa, no fundo esperava sempre um retorno. Esse retorno era sempre mais importante do que propriamente as sensações ou os sentimentos dela. Agora com aquela mulher, nua do lado, com a alma despida naqueles olhos transparentes, compreendia o vazio das relações descartáveis, do tempo perdido em momentos que não podiam ser reciclados. Mas se não podia voltar atrás, podia pensar no momento actual, em que o sentimento absoluto de estar completo reinava.

Fernanda, explorando cada segundo daquele momento de êxtase, notou qual tinha sido o seu erro fatídico nas relações anteriores. Assim como quando olhava pela janela, observando pessoas e casais, esteve sempre a olhar para baixo, enquanto que, para encontrar a felicidade, bastava ter olhado para a frente.

Amante Profissional