Wednesday, May 31, 2006

Quando os olhares de dois desconhecidos se cruzam

Bruno S.: homem de 32 anos, divorciado desde 2004. Fernanda L.: mulher solteira, de 25 anos, que acabava de terminar mais uma relação.

A maior frustração de Bruno foi ver seu casamento ir completamente por água abaixo. O naufrágio da sua vida afectiva e das suas esperanças. Eram cinco anos de convivência, numa paixão fulminante e avassaladora. Idolatrava a esposa. Sempre esteve claro – talvez nunca tão claro como depois do divórcio - que ele era muito mais apaixonado por ela do que o contrário, mas ele acreditava que com o tempo, com o convívio, com as experiências que teriam em conjunto, ele sentiria a mesma reciprocidade amorosa por parte da esposa. Perguntar se era amado na mesma proporção era inútil, e só ajudava a demonstrar a sua insegurança. Apesar de ouvir sempre um sim – às vezes vago ou por vezes dito quase brutalmente, como quem diz «Porra, porque estás a me fazer novamente essa pergunta?» - por que sentia sempre a sensação de que aquela palavra era oca? Porque não era só a palavra oca, mas todos os momentos vividos, que, apesar do seu esforço, das boas gargalhadas que deram em conjunto ou do bom sexo que já tivessem feito, sempre pareciam superficiais.

A maior frustração de Fernanda era ver a sua lista de namorados – e consequentemente sua lista de ex-namorados - crescer, de forma assustadora. “Não é dessa vez que vai se casar” – dizia algum familiar de modo irónico e confiante, num tom que se denunciava como fosse uma das misteriosas profecias de Nostradamus. Quando não era isso, casualmente ouvia piadinhas de alguma amiga, a perguntar se o namorado de quem falava agora era o mesmo da última vez, ou se já era o próximo da concorrida fila. Fernanda não se considerava necessariamente romântica, não idealizava uma relação ao começá-la, por acreditar que tal comportamento só poderia gerar uma ilusão, e não tinha o desejo de viver uma mentira. Era o que tinha aprendido até aqui. Não queria um homem qualquer. Queria alguém especial. Se não deixava de se aventurar em novos relacionamentos, era justamente por acreditar, no fundo, em seu íntimo mais oculto e covardemente disfarçado, que este um dia chegaria. Não precisava ter nenhum cavalo branco, não queria um conto de fadas, mas justamente o contrário: algo verdadeiro, real. Que adiantava ter tantos números de homens apetecíveis e interessantes no seu telemóvel se, quando mais se sentia sozinha, não poderia contar com nenhum deles? Mas se quisesse dar uma queca, nem precisava falar duas vezes. Desejava sim, ter uma relação mais séria, duradoura, porém nunca conseguiu manter qualquer relação por mais de um ano. Não acreditava em karma, mas sua desesperança costumava fazer inclusive que ela duvidasse das suas próprias crenças pessoais.

Durante todo o tempo, Bruno se culpava pelo término da relação. Apesar de ter feito questão de satisfazer todas as vontades da esposa, parecia claro que teria falhado em alguma parte, em alguma altura. Não conseguia lembrar-se de qualquer falha. Sempre fora uma mistura de homem romântico com homem aventureiro. Na cama gostava de inventar formas novas de explorar o corpo da esposa, e, só mesmo se ela fosse uma grande actriz que conseguiria ter fingido daquela forma. Não acreditou, entretanto, quando, no primeiro ano de casamento, num jantar romântico que ele próprio havia preparado para comemorar a data, ela informou, secamente, que queria o divórcio. Ela podia estar cansada, entediada, na TPM, ou sei lá mais o quê. O que não poderia era estar ali, tão fria e distante, pedindo o divórcio num dia que seria tão especial para os dois. Não lhe deu ouvidos, mudou de assunto, cantarolou, falou sobre a comida e sobre a disposição correcta dos talheres, mas não quis ouvi-la, qual um menino mimado que não gostava de ser contrariado. Como ela era 6 anos mais jovem que ele, achou – ou preferiu achar, porque lhe parecia mais conveniente e agradável na altura - mais sensato concluir que seria apenas uma atitude boba e infantil, que passaria logo. O que não parecia sensato era a sua esposa, depois do primeiro ano de casamento, e sem nenhum motivo concreto aparente ou verbalizado, estar a pedir-lhe o divórcio! Depois pensou que, se tivesse lhe dado ouvidos na altura, teria evitado pelo menos o facto de quatro anos mais tarde ter sido humilhado e ridicularizado com a traição. Ou pelo menos tinha sido nessa altura em que a traição foi descoberta, ou melhor, ela mesma contou-lhe, não poupando qualquer detalhe miserável e torturante no seu momento de fúria.

Já a Fernanda não tinha esse tipo de preocupação. Nunca havia se casado, nem nunca tinha chegado tão perto. Em contrapartida suas relações sempre foram muito complicadas e complexas. Suas amigas, na maior parte casadas – porque sempre se casavam antes dela, porque sempre encontravam o tal homem certo… seria ela assim tão azarada ou estaria a procurar no lugar errado, por frequentemente se envolver com pessoas do seu meio, ou aquelas que já conhecia minimamente por uma data de anos? - diziam que ela estava sendo muito exigente com os homens. Deveria se contentar com qualquer Senhor Merdinhas, aturar desaforos e viver insatisfeita, apenas para não levar o título de mulher exigente? “Será que é verdade que sou mesmo tão exigente?” – é o que ela se perguntava, algumas vezes, enquanto se olhava no espelho, na vã tentativa de ter uma conversa com ela própria. Rafael, seu último namorado, havia lhe comprado flores e bombons. Levou-a num restaurante bem frequentado, brindaram com duas taças de vinho. Era o tipo “sedutor-romântico”, o que ela apreciava, por contrastar justamente com a sua própria falta de romantismo, que ela rotulava como “objectividade” ou “senso prático exagerado”. Ou, talvez bem no fundo do seu subconsciente, medo. Medo da entrega, medo de uma nova decepção, medo de demonstrar sentimentos e sair ferida. Uma certa noite depois de tantas outras românticas, depois de saciadas as dúvidas que tinham em relação ao outro, depois de toda a conversa mole, papo, papo, papo, e talvez sem mais nada para conversar… seria a primeira vez que ela fazia o convite para ele subir ao seu apartamento. Até então não tinha acontecido nada de tão quente na relação deles. No máximo alguns beijos cinematográficos, daqueles em que ficamos na dúvida se houve ou não língua. Como tinha terminado uma outra relação muito recentemente, quando o conheceu não quis partir logo para o sexo, pois dizia não estar preparada. Ele ainda nem tinha tocado no assunto, mas ela adiantou-se, não gostava de rodeios, e sabia que um dia esse seria o tema da conversa, ou, senão, seria a intenção clara depois de alguns toques mais picantes e insinuadores. Quando eles subiram pelo elevador e mal acabava de lhe mostrar o seu quarto – tinha mostrado a sala, a casa de banho e a cozinha, não havia mais nada para mostrar além do quarto – ele veio logo com os seus tentáculos, aquelas mãos de polvo em cima dela, agarrando, apertando suas mamas e a seguir colocando uma das mãos entre suas pernas (não exactamente nessa ordem; as mãos pareciam ter se multiplicado e com tamanha surpresa ela não conseguia nem perceber onde exactamente ia sendo tocada). Ela assustou-se. Não devia ser assim tão rápido. Ou talvez porque, na verdade, tenha achado que o seu comportamento na cama fosse idêntico ao seu comportamento no meio social. Dessa vez resolveu ceder, tirando a roupa e atirando-se com ele na cama. Tinha um pénis médio, branco, com a cabeça muito avermelhada. Ele parecia ter tanta pressa que quase se “esquecia” de colocar o preservativo. Estava montada em cima dele, e até estava a ser agradável, quando então ele gritou: “Goza pra mim, minha putinha”. Era a segunda vez que era chamada de puta. Não que fosse contra os jogos de palavras na cama, mas porque sempre lhe pegavam desprevenida. Com o José Carlos, um outro ex, talvez o número 8 ou 9 – não eram assim tantos a ponto de ter que arquivá-los por ordem alfabética - acontecera a mesma coisa. Só foi um pouco diferente, porque com o José Carlos ela não chegou a estar na cama. Ele chamou-lhe de puta justamente por esse motivo: por ela ter terminado a relação, antes mesmo de terem tido a oportunidade do sexo. Ela já havia namorado dois amigos dele – só veio a saber mais tarde que frequentavam a mesma universidade - e não entendia porque alguns homens acreditavam que, por uma mulher ter dado a cona para alguém, teria a obrigação de também dar-lhes a eles. «Minha cona não é comunitária»- praguejava em pensamento. Seu espanto na cama com o Rafael foi porque aquilo não condizia nada com o seu modo de estar, sempre cheio de romantismos. Terminou a relação no próximo encontro. Sentia-se conformada pelo facto de, algumas vezes, ter sido ela a terminar a relação. Namorou o Dênis, um rapaz todo safadinho, um ano atrás. Ele era todo tarado, nunca se importava quando as calças denunciavam seu pau duro, e ficava inclusive a brincar com o próprio nome, dizendo que Dênis rimava com Pénis. Não lhe fazia juras de amor, mas estava confiante de que era um tarado na cama. Fantasiou logo que ele seria um vulcão. Seria um homem que já chega arrancando sua roupa, que vai lambê-la toda, chamar por nomes ordinários, etc. Dessas vez iria preparada e isso era bom. Gostava de ter o controle das coisas, mesmo quando hipoteticamente seria controlada. Mas quando resolveu ir para a cama com ele – não demorou tanto dessa vez, apenas duas semanas depois de saírem, mas ela precocemente acreditava que já conhecia tudo sobre ele desde a primeira meia hora de conversa, porque as demais foram sempre semelhantes, com seus gracejos e exibições - depois de tanta publicidade, outra vez a personalidade não condizia. Ele chegou no quarto, tirou a roupa, e nem mostrou que ajudaria a desabotoar seu sutien. Ficou parada, esperando que ele tomasse alguma atitude, mas ele deitou-se. Foi ela a ter que fazer tudo: a fazer seu pau ficar em pé com o broche – aquele que sempre estava duro quando ele talvez soubesse que não iria ter sexo com ela - a sentar em cima, a balançar, a rebolar. Ele gozou, em silêncio, mas ela fingiu orgasmo. Começou a crer que as pessoas não passam de uma camuflagem, e que não expressam na personalidade o que são sexualmente.

Bruno por vezes era arrastado pelos amigos, que diziam que ele teria que dar uma queca rapidamente, e esquecer a ex-mulher. Fernanda isolou-se no seu apartamento, acreditando que o erro estaria nela. Ao mesmo tempo, não suportaria uma relação apenas para mostrar para os outros que alguma coisa tinha dado certo.

Estariam os dois tão decepcionados com os seus parceiros a ponto de não desejarem mais qualquer contacto sexual? Não. Não é apenas o orgasmo que fazia falta. Este consegue-se também sozinho. Por vezes, até sem muito trabalho, bastando comprar os acessórios certos numa boa sexshop. Mas o sexo fazia falta porque o que necessitavam era do toque. Sentir que é desejado por alguém, desejar alguém. A penetração é uma consequência desse desejo arrebatador. Não é só sexo, orgasmo, desejo, mas a carência e a solidão pessoal, de sempre esperar encontrar alguém diferente, alguém que combine, que complete, e até mesmo que rime, mas nunca ridiculamente como Dénis com Pénis. Amor rima com dor, mas não era exactamente o que queriam. Sabiam que não existe amor sem dor, mas que existe dor sem amor. Entretanto, porque quando há amor com dor, parece sempre haver mais dor que amor? Por que será que a dor parece ser tão forte, e parece machucar tanto que o amor parece misturar-se com ela, até que tudo um dia seja apenas dor? «É porque ainda não é possivelmente Amor.» - conjecturavam os seus pensamentos noctívagos mais profundos, enquanto viravam-se de um lado para o outro em suas camas frias e solitárias ou quando caminhavam sem rumo na escuridão, absorvidos pela incómoda insónia.

Bruno chegou a ir para a cama com uma mulher, apresentada pelos amigos. Saiu com uma primeira, simpática à primeira vista, faladora, sensual… mas que na cama era fria como uma pedra de gelo. Tudo parecia muito mecânico e artificial nela. Talvez o seu par de peitos de silicone fosse o que ela tinha de mais verdadeiro. Com uma segunda, aspecto tímido e cara de mulher para casar, faltava diálogo. Tudo bem que era apenas sexo, não estava disposto ou preparado psicologicamente para enfrentar um novo casamento, mas precisava da conversa, pelo menos nos pequenos momentos em que não estivessem a fazer sexo. «Quer ler uma revista até que eu esteja novamente com tesão de comê-la?» - não, não seria nada muito agradável nem mesmo usual. Evitou muitas outras mulheres. A terceira – sim, apesar de relutante, houve também uma terceira - era um tanto quanto ríspida. Pagou o hotel, encheu-lhe de mimos… e também encheu-se dela, porque era uma mulher que reclamava imenso da vida, o que até lhe fez cair uma enxurrada de culpa por não ter gostado da companhia da calada. Não entendia porque estava ali metendo numa mulher, sabendo que nem ele nem ela estavam felizes – ou pelo menos realmente felizes - com a companhia um do outro, ou que talvez, longinquamente, apenas o sexo, naquele momento, lhe interessava. Talvez amanhã, nem o sexo com ela interessaria. Procuraria uma outra mulher, porque com aquela não gostava de estar. Continuava a relação sexual, mesmo sendo o prazer apenas físico, porque, afinal, não pararia o sexo depois de ter começado. Parecia contente quando ejaculou e ela pareceu ter um orgasmo – parecia fingido, mas o que isso importava, se não pretendia vê-la novamente? – e sentiu uma sensação de alívio. Mais contente ainda ficou – e saber disso fazia com que sentisse uma profunda cólera – quando ela acabou adormecendo. Quando foi que a vida se tornou assim tão supérflua? Quando foi que o seu tempo deixou de ter valor e agora era tão desperdiçado em momentos tão insignificantes?

Do outro lado da rua, num apartamento de frente para o hotel, Fernanda, depois de ter apagado a luz e acendido uma vela, se masturbava, olhando sua própria sombra na parede. Assim que gozou, relaxando todos os seus músculos, tomou um duche e vestiu uma t-shirt, preta, e uma cueca, branca. Gostava muito de usar tons sóbrios. Pegou um cigarro e foi fumar na janela, enquanto observava pessoas a passar. Ia acompanhando cada pessoa, escolhida ao acaso, até que esta desaparecesse no fim da rua. Via casais apaixonados de todas as idades, e sentiu uma ponta de inveja.

Apagou o cigarro no cinzeiro e voltou para fechar a janela. Quando levantou os olhos, notou que, numa janela do hotel, mesmo em frente à sua, havia um homem em tronco nu, a olhar para o nada. Acabou não fechando a janela, ficando ali, a contemplá-lo, sem razão específica, até que aqueles olhos se encontraram com os seus. Ficaram se olhando, mas com pensamentos muito longínquos da imagem recebida pelo campo óptico. Quando perceberam que estavam se olhando fixamente, ele ainda tentou disfarçar, incomodado por ela ter notado que ele olhava para ela. Estimulada pelo constrangimento dele, ela manteve seus olhos firmes, penetrantes.

Atrás dele uma desconhecida dormia, depois do sexo.

Sentiu uma excitação diferente, e pela primeira vez ela resolveu fazer uma loucura. “Desce!”- ela dizia sem pronunciar som algum, apenas fazendo um sinal com os braços e movendo os lábios. Meio sem entender, talvez hipnotizado por aqueles olhos tão penetrantes, ele disse que sim com a cabeça. Ambos entraram em busca de suas roupas e desceram. Ela já estava na portaria do hotel, aguardando. Ele ainda foi buscar a carteira e o casaco, tudo o que tinha levado para o hotel.

- Olá. – ela disse, como se fossem velhos conhecidos.

Caminharam até um café, ali perto, às vezes com silêncio ou palavras muito espaçadas, ditas com calma, como se ainda estivessem a reflectir muito antes de cada palavra que seria pronunciada.

- Desculpe, eu não sou de fazer esse tipo de coisas…
- Ainda bem que fez. Eu vi você olhando para a rua, mas tentei disfarçar. Se você não tivesse me chamado, talvez nunca teríamos oportunidade de falar, de estar aqui agora.
- Já reparou em quantas pessoas passam pelas nossas vidas, mas que nunca tivemos oportunidade de falar com elas?

Um silêncio de concordância com a cabeça. Ambos olham para o chão que vai ficando para trás a cada passo. O único som que se ouve, interrompendo aqueles pequenos espaços de silêncio, é o do pequeno salto dos sapatos da Fernanda, que pisavam com delicadeza as pedras da calçada.

- Acho que deve ter me apetecido sair com um desconhecido hoje… - ela riu, e agora parecia mais tímida.
- Às vezes pensamos que conhecemos as pessoas, mas depois percebemos que elas não passam de pessoas desconhecidas.

Foi ela que concordou dessa vez, silenciosamente. Ah, se ele soubesse que esse tinha sido o resumo da sua história!? Ah, se ela soubesse que esse também era o resumo da sua!?

Olharam-se, enquanto brincavam girando o gelo no copo de licor que pediram.

- Gostaria de fazer amor comigo? – ela perguntou de forma calma, suave e directa, cercando seus olhos.
- Hummm… Como? – quase engasgou, tamanha surpresa.
- Gostaria de ir para a cama comigo? – resolveu mudar a abordagem.
- Não sei… - seria ela um prostituta? Pensou em perguntar quanto cobrava, mas achava melhor deixar que ela falasse. Ou seria uma louca qualquer que tinha o marido em casa e queria pregar-lhe uma peça?
- Não sabe??? Quer ou não quer? – voz meiga, voz penetrante… será um jogo de sedução? Seria ela uma mulher que quisesse se vingar de algum ex-namorado pateta, descontando sua fúria no primeiro ser do sexo masculino que encontrasse pela frente?

Apesar da desconfiança, alguma coisa naquele olhar causava a sensação de estar sendo enfeitiçado. Desconhecia o motivo, mas sentia-se estranhamente à vontade para se entregar. Sabia apenas que aquela mulher estranha, que acabava de lhe fazer um convite também estranho (e surpreendente, porque tinha sido sempre ele a abordar as suas “vítimas”, e. quando não, eram os amigos que apresentavam mulheres para que ele seduzisse para o propósito sexual) causava uma grande reacção dentro dele.

- Sim… Quero… Claro que quero, mas…
- Mas?
- Eu nem sei o seu nome.
- Não precisa de saber… Somos dois desconhecidos… E não é o que toda a humanidade é? Não vai ser contando toda a minha vida e ouvindo a sua história que nos tornaremos pessoas mais confiáveis.
- Você tem razão.
- E tem mais… Eu não estou te pedindo em casamento… Eu só estou perguntando se você quer ir para a cama comigo.

Era a primeira vez que estava com uma mulher que não lhe pedia nada em troca, que não lhe impunha nada, que era tão frontal e objectiva. Era a primeira vez que a abordagem partia dela, e para isso ele não tinha que ter qualquer trabalho imaginativo para convencê-la a estar na sua companhia. Era ela que pedia, ela que queria, sem conhecê-lo, sem saber nada. Não queria lembrar da mulher fria, aquela que acabava de deixar dormindo no quarto do hotel para vir ao encontro de uma desconhecida. Essa mulher misteriosa, de cabelos castanhos e olhos grandes, com uma tentadora silhueta inegável, queria-o nesse exacto momento. Não se preocuparia com o amanhã antes que este chegasse.

Entraram no elevador e ela apertou o botão do quarto andar. Tirou as chaves de um bolso e abriu a porta, num movimento seguro.

Depois de ter conhecido a sala por poucos segundos, entraram directo para o seu quarto, apenas iluminado por uma vela, e ficaram olhando um para o outro, em silêncio. Suas mãos e as dela pareciam ter vontade própria. Quando percebeu, já tinha despido toda a roupa dela, deixando-a nua, iluminada pela luz da vela.

Despiu-se com sua ajuda e manteve-se nu, na sua frente. Seus olhos se encontram, e suas bocas se tocaram num beijo intenso, como se fosse um beijo desejado desde sempre.

Rodou em volta do seu corpo, beijando-lhe o pescoço e esfregando as mãos na sua cintura. Uma música tocava em suas cabeças, e seus corpos dançavam, nesse mesmo ritmo.

Caminharam até a cama, abraçados, sentindo o corpo nu e quente um do outro. Passou a mão esquerda pelo centro das costas bem delineadas dela e com a outra segurou na sua cintura, deitando-a na cama.

Colocou seu corpo em cima do dela. Estava excitadíssimo, mas queria estar ali a explorar aquele corpo, aquele momento, aquela loucura divinal. Beijou sua boca, beijou seu peito, e depois beijou sua barriga macia e sardenta.

Voltou a beijar sua boca, e tocava o seu grelinho com a mão. Seu corpo se levantava, seguindo o ritmo do seu toque. Pegou-lhe nos ombros, fazendo sinal que se deitasse de costas. A respiração dela parecia música.

Seu rabo era macio e sedoso, e, deitando levemente por cima do seu corpo, seu pau ficava se encaixando no seu rego.

Viu um frasco de óleo na sua cabeceira. Encheu as mãos com aquele óleo e começou a lambuzar-lhe as costas, fazendo uma massagem delicada e depois aumentando a intensidade. Colocou seu cabelo para o lado, e também espalhou óleo no seu pescoço. Desceu as mãos pelas suas costelas, e depois subiu. Ela sentia o peso daquelas mãos deslizando pelo seu corpo. Ele desceu um pouco mais, apalpando e acariciando o seu rabo, passando óleo até no seu rego, com um dedo só, e depois passando óleo no seu cuzinho. Desceu mais, apoiando uma mão em cada perna, fazendo com que elas recebessem todo aquele óleo. Levantou seus pezinhos na altura da sua boca, e começou a beijar-lhes, lambendo alguns dedos com a ponta da língua. Depois acariciou com óleo, cada pedacinho delicado daquele pé de tamanho 36. Deitou seus pés novamente na cama. Acariciou a planta do pé, foi subindo, chegou ao joelho, subiu mais, e estava novamente no seu rabo. Acariciou seu cuzinho outra vez, e excitava-se cada vez mais observando seus pêlos se arrepiarem.

Desceu a mão direita e colocou debaixo da sua coninha. Levantou o dedo indicador e deixou no meio do seu clitóris, e ela ficou ralando seu grelinho nele, enquanto ele lhe acariciava o rabo com a outra mão. Com braços ágeis, virou seu corpo de frente, e espalhou óleo por todo o corpo dela, excepto a cona e os seios, que deixaria por último, para seu maior prazer. Espalhou bastante óleo nas suas mãos, e pegou seus seios com suas mãos fortes, e fazia movimentos circulares. Pegou seu pau e colocou no meio deles. Ela segurava-os, e ele sentia seu pau no meio de dois seios molhados de óleo, quentes e desejosos. Desceu até sua coninha, e esteve a passar óleo por ela toda, como se estivesse a untá-la para receber seu membro. Ela respirava, seu peito se levantava, com o pulmão tão cheio de ar.

Penetrou. Sua cona estava quente e húmida. Deitou seu corpo no seu, sentindo o mesmo óleo ir espalhando-se pelo seu próprio corpo. Seus corpos escorregadios arrepiavam, e suas mãos passeavam pelos corpos um do outro, querendo explorar cada pedaço. Ela gemeu, e ele sussurrou no seu ouvido o quanto ela era deliciosa. Meteu e deixou o pénis estar lá dentro por 3 segundos. Levantou um pouco mais e meteu novamente. O corpo dela subia e descia junto com o seu. Suas respirações aceleravam, até que então explodiram num grande orgasmo.

Deitaram e dormiram depois de muito tempo de trocas cúmplices de olhares, ainda ouvindo aquela música imaginária que parecia tocar. Não se preocupou com a mulher que dormia no hotel. A diária do hotel estava paga, e não ia se preocupar com aquela noite angustiante que tivera, se agora havia tido – de forma física e até mesmo espiritual – a melhor experiência sexual da sua vida. Uma comunhão de dois corpos, e também de duas almas.

Bruno concluiu que seu erro tinha sido o seu egoísmo. Ao mesmo tempo que tentava agradar a ex-esposa, no fundo esperava sempre um retorno. Esse retorno era sempre mais importante do que propriamente as sensações ou os sentimentos dela. Agora com aquela mulher, nua do lado, com a alma despida naqueles olhos transparentes, compreendia o vazio das relações descartáveis, do tempo perdido em momentos que não podiam ser reciclados. Mas se não podia voltar atrás, podia pensar no momento actual, em que o sentimento absoluto de estar completo reinava.

Fernanda, explorando cada segundo daquele momento de êxtase, notou qual tinha sido o seu erro fatídico nas relações anteriores. Assim como quando olhava pela janela, observando pessoas e casais, esteve sempre a olhar para baixo, enquanto que, para encontrar a felicidade, bastava ter olhado para a frente.

Amante Profissional

Tuesday, April 25, 2006

Masturbo-me, logo existo... sexualmente

Algo me incomodava: o que seria o prazer? O que seria esta capacidade que algumas mulheres diziam ter de conseguir orgasmos múltiplos? Onde estaria o danado do ponto G? Escondido no armário, camuflado, ou simplesmente não existia e eu era uma anormalidade, segundo as ideias que tanto vendem hoje as revistas? Porque eu por vezes sentia sensações tão diversas com homens diferentes? Seria o pénis assim tão importante? Seria eu capaz de gozar sem o pénis? Porque eu parecia gozar com alguns homens e não com outros? Por que, conversando com algumas mulheres, as definições e opiniões pareciam diferentes, ou por que algumas tinham mais facilidades que as outras para atingir o orgasmo? Por que, por vezes, ser chupada me dava mais prazer que a penetração? Ou porque, com alguns, eu sentia mais a necessidade da penetração do que dos preliminares? E se um dia eu tivesse vontade de gozar e não tivesse um homem do meu lado?

Tantas perguntas, tão poucas respostas sensatas. Ou respostas tão bem definidas, mas que não se encaixavam na prática. Sexo estudado cientificamente. Sexo na teoria. Sexo explicado por psicólogos de maneira tão distante e formal, como se eles também não fizessem sexo. Como se não fosse através do sexo que eles tivessem nascido.

Foi então que eu decidi que só poderia haver uma coisa a fazer: descobrir o desconhecido. Melhor dizendo, masturbar-me.

Comecei por acariciar o meu corpo, de cima à baixo. Qual seria a intensidade que eu gostava de ser tocada? Primeiro toques leves, depois toques mais intensos, enquanto me despia em frente ao espelho pendurado na parede. Com 4 velas aromáticas acesas, além da minha imagem à meia-luz eu também via as minhas sombras, e isto começou a me excitar.

Desci meu corpo até os pés, sem dobrar os joelhos, e desamarrei minhas sandálias. Tirando pé por pé de dentro daquele salto que me fazia tão mais alta, joguei as sandálias para o canto da parede. As calças escorregavam, mas não tirei-as completamente. Senti o tecido a deslizar, os meus pêlos a se arrepiarem. Deslizei minhas mãos, tomando o cuidado de também ir tirando meus pesados anéis dos dedos. Fiquei de costas para o espelho, segurando um outro espelho menor na minha mão. Como eu era vista de costas? Como me viam? Quais os ângulos e movimentos que mais me favoreciam, ou que faziam que eu parecesse mais sensual? Tinha mesmo um belo rabo. Comecei ali a sentir atracção pelo meu corpo. Quase tive uma relação lésbica comigo mesma.

O pequeno espelho ficou no chão, num canto da parede, enquanto continuei a me conhecer. «Olá, muito prazer» - eu dizia-me. «Hoje você será toda minha». Não havia som como resposta. Não ouvia o meu próprio eco. Mas conseguia ler os meus lábios. Não tinha uma resposta verbal, mas os olhos que via só diziam uma coisa: «eu te desejo».

Era o momento ideal. Química havia entre mim e o espelho. Desabotoei cada botão da minha t-shirt. Não queria tirar tudo de uma vez. Eu queria seduzir-me. Ainda com o sutien, continuei a acariciar todo o meu corpo, e a rebolar no ritmo dos toques que eu me dava. Uma música lenta no fundo fazia com que meu corpo dançasse.

Enfiei a mão por dentro do sutien, puxando por um peito para fora. Era lindo. Comecei a tocá-lo com a intensidade que me fazia sentir prazer. Tirei o sutien. Deu vontade de chupá-los, mas o máximo que conseguia era passar a ponta da minha língua nos biquinhos dos mamilos. Então humedeci dois dedos e estive a brincar com os bicos dos meus peitos, que logo ficavam arrepiados.

Ali tinha encontrado minha primeira zona erógena. Até os pêlos do meu pescoço se arrepiavam.

Tirei a cueca. Estava ali, completamente nua, completamente desejosa. Voltei a pegar no espelho menor, que deixei encostado na parede. Coloquei debaixo das minhas pernas. Coloquei em várias posições. Queria ver o que o homem via em cada posição que me fodia. Voltei a colocar o espelho no chão do canto da parede e retornei para o espelho grande pendurado. Comecei a tocar-me na frente do espelho. Movimentos horizontais ou verticais no clitóris? Notei que os movimentos horizontais me pareciam mais excitantes. Continuei a masturbar-me em frente ao espelho. O que eu sentia e pensava? Sentia que estava entregue, pensava que estava a ser fodida. Um eco dentro de mim dizia: «Caralho, eu sou mesmo muito boa!»

Tive vontade de ir movimentando a anca para a frente, coisa que ainda não tinha feito com ninguém durante o acto sexual. Aquilo me deu cada vez maior prazer. Comecei a sentir-me cada vez mais excitada, a cada vez que aumentava o ritmo, que quase já o fazia involuntariamente. Meus dedos faziam movimentos a correr na horizontal, de um lado ao outro do clitóris. Não era um movimento muito forte nem muito leve. Era o movimento que eu acabava de descobrir que me dava prazer. Sinto o ritmo cardíaco acelerar. Minhas pernas estão erectas, mas eu tenho vontade de curvá-las, mas não faço, porque tudo o que penso é «Quero gozar, quero gozar, quero gozar.» De repente, sinto um prazer enorme me possuir, como se um ar quente estivesse dentro de mim. Começo a me contorcer, tanto que acabo tirando os dedos do clitóris e curvo a barriga para frente. Acabava de ter, sozinha, o meu primeiro orgasmo. Acabava de recebê-lo, ao mesmo tempo que acabava de dá-lo a mim mesma. Coloco um dedo perto da minha vagina e vejo que ela está muito molhada.

Viciei-me na masturbação, tanto que passei a praticá-la todos os dias. Como eu não tinha descoberto isto antes?

Passei a me masturbar fazendo variações. De princípio, variando as posições. Minha segunda masturbação foi deitada na cama. Tirei a minha roupa, depois de ter tomado um banho e ter me perfumado. Preparei-me para mim. Se o fazia para os homens com quem me deitava, porque não faria por mim mesma? Coloquei um lençol de seda, que, apesar de deslizar, era delicioso ter por debaixo da pele. Passeei minhas costas pelo lençol. Virei-me de barriga para baixo e deslizei todo o meu corpo ali. Em dado momento, simulei que tinha um homem por baixo de mim, e comecei a bater com a minha cona no lençol. Os bicos do meu peito se arrepiavam toda vez que eu os passava no lençol, de leve, quase que como fosse sem querer.

Deitei-me novamente com as costas no lençol e comecei a me tocar. Nuca, rosto, pescoço, mãos cruzadas sob o peito para tocar nos ombros, uma mão em cada peito, uma mão no peito e outra fazendo movimentos circulares na barriga, até chegar onde queria: o meu clitóris.

Experimentei também me masturbar virada para o lençol, com o braço espremido debaixo do meu corpo, minha mão desesperada a tocar meu clitóris. Sempre sensações diferentes, mas que sempre me garantiram um novo orgasmo.

Um dia eu quis saber como funcionava o meu corpo por dentro quando atingia o orgasmo. Conhecia o que acontecia por fora: ritmo cardíaco acelerado, calor, contorcia o corpo, quase como se tivesse epilepsia, tremia, sentia a boca seca, enquanto a vagina parecia molhada, uma vontade desesperada de fechar as pernas. Então, enquanto com uma mão eu me masturbava, um dedo da outra mão eu enfiava na vagina. No momento do orgasmo eu senti: latejava por dentro, quase que como se fosse espremer o meu próprio dedo. Sem ter qualquer tipo de nojo de mim mesma, coloquei o dedo na minha boca: meu orgasmo era doce.

Também experimentei me masturbar com o meu vibrador. Tocava meu clitóris enquanto deixava o vibrador dentro de mim. Vibração ligada, uma mão ajudando a enfiar e tirar. Outra mão no clitóris, fazendo os movimentos que tanto me deliravam.

Quis também experimentar masturbar-me com pensamentos diferentes, daqueles que a gente não confessa para ninguém, ou aqueles que a gente só se excita enquanto fantasia, mas que não teria coragem de realizar. Pensei que estava sendo fodida de forma selvagem. N’outro dia, pensei que fazia amor, criando toda a história na minha cabeça. Em outra altura, pensei que um homem me fodia de quatro, enquanto uma mulher, deitada por baixo de mim e com a cabeça virada para as minhas pernas, lambia o meu clitóris. Fiz caras e bocas enquanto chupava o meu vibrador, enquanto imaginava que chupava um homem que estava em pé na minha frente, enquanto outro, ajoelhado no tapete de frente da cama, me chupava o clitóris. Cheguei mesmo a me masturbar de pé, pensando que eu era um homem e alguém me fazia um broche. Fodi com a fria parede do meu quarto, ralando meu corpo nela, enquanto me masturbava. Encostava e fugia da parede, mas sempre lá voltava, mais cheia de tesão.

Mudei também os ambientes. Me masturbei na sala, enquanto assistia um filme erótico. Me masturbei na casa de banho, usando a velocidade da água do chuveirinho. Me masturbei dentro do metro, tomando o cuidado de colocar um grande casaco por cima das minhas pernas.

Descobri que a masturbação e o sexo com alguém eram coisas paralelas, mas que mesmo assim se complementavam. Depois da masturbação, consegui conduzir um homem para que me tocasse das formas que eu gostava, ou consegui incentivá-lo a dar-me mais prazer. Consegui soltar-me mais, porque eu vi que, nas outras vezes, parecia sempre que o prazer dele era mais importante que o meu. Como não havia qualquer tipo de pressão, e conhecia bem o meu corpo, era muito mais fácil ter orgasmo com outros homens. O que não impedia que, com um egoísta ou outro, eu não conseguisse chegar ao orgasmo. Mas não me importava. Ia para a casa de banho e me masturbava, quando não me masturbava ali, à frente dele. Ensinei alguns a me masturbarem. Ensinei que, se encontrarem o ponto certo, a velocidade e intensidade certa, deveriam manter o mesmo ritmo. Senão, era o mesmo que, caso eu fosse um homem, meu pau caísse e já não conseguisse se levantar, por mais que toda a cena fosse apelativa ao tesão.

Tinha alturas em que ficava tão excitada que acabava sendo natural conseguir orgasmos múltiplos. As sensações continuaram a ser diversas, por vezes até mais intensas, de acordo com a forma que era tocada e explorada. Vi que o pénis era sim importante, mas não era essencial. Se não fosse importante, eu viveria de masturbação. Se fosse essencial, eu não conseguiria um orgasmo sem o pénis. Vi que o mais importante no sexo não era a penetração, mas todo aquele jogo de sedução, todo o acto de querer proporcionar prazer um ao outro, toda uma entrega, os toques, os cheiros, as sensações, o carinho, a sedução. Descobri que, se com alguns homens eu tinha sensações diferentes, era simplesmente porque a abordagem ao sexo tinha sido diferente. Ou porque havia ou faltava química. Ou porque havia mais entrega de um do que do outro. Ou porque uns conseguiam me tocar nas minhas zonas erógenas enquanto outros me tocavam em áreas em que eles acreditavam ser estas minhas zonas erógenas. Ou porque me tocavam em zonas que apenas davam prazer para eles, e não para mim. Não importa qual a razão. O importante era eu saber identificar a razão do prazer com cada tipo de parceiro. Alguns, com um simples toque, quando dado na intensidade certa ou no local certo, ou às vezes apenas um olhar provocante, fazia com que eu sentisse tesão. Enquanto com outros o processo era mais lento, porque envolve um aprendizado sobre o corpo do outro.

Em relação às outras mulheres, nunca pode haver uma comparação. Cada uma tem um corpo diferente, sentimentos, desejos, formas de explorá-lo.

E o melhor atributo que a masturbação me conferiu foi este: como eu poderia exigir que conhecessem o meu corpo, antes de eu mesma conhecê-lo?

Amante Profissional

Tuesday, January 31, 2006

UMA AJUDINHA PROFISSIONAL: EU, MEU MARIDO... E UMA GAROTA DE PROGRAMA

António era vendedor de materiais de construção, enquanto eu trabalhava como auxiliar de escritório de uma grande construtora. Namoramos durante três anos até então decidirmos casar. Não tenho do que reclamar: temos uma boa casa, cada um de nós tem o seu carro, viajamos nas férias, gostamos de acampar de vez em quando e vamos às casas dos nossos pais uma vez por mês (no primeiro fim de semana vamos à casa dos pais dele, que fica no Norte; no terceiro fim de semana do mês vamos à casa dos meus, no Algarve. Moramos actualmente em Aveiro. Ainda bem que nós dois adoramos conduzir.). Temos uma vida organizada. Temos gostos literários parecidos. Vamos juntos à livraria e compramos dois livros. Assim que um dos dois acaba de ler o primeiro, empresta-o ao outro. Dividimos os cds pelos dois carros, e de tempos em tempos fazemos algumas trocas também. Nossos gostos musicais também são quase idênticos. Costumamos jogar ténis juntos. Nosso programa predilecto é ir no cinema nos fins-de-semana. Só numa coisa não somos nada parecidos: ele cozinha muito melhor que eu, não posso deixar de admitir.

Ah, já quase esquecia de falar da nossa vida sexual… é boa, muito boa… Está certo, eu admito… Acho que assim não conseguiria convencer nenhum pagão. Nossa vida sexual é activa – 3 vezes por semana pode considerar-se como activa, certo? – e é sempre muito bom estar com ele na cama. Confesso: nem sempre eu gozo. Talvez porque eu tenha desejos mais pervertidos e ele é tão… tão… tão… normal, é essa a palavra. Normal para o romântico, para ser mais específica. Quando tivemos a nossa primeira noite em nossa casa, depois da lua-de-mel, encontrei a cama cheia de pétalas de rosa. Gosta de beijar-me muito, acariciar-me muito, com muito carinho, com muita delicadeza. E o que eu quero é algo mais forte e intenso.

Nunca fui contra o romantismo, apesar de ser uma mulher muito mais ligada às coisas práticas da vida. Antes de me casar, meu frigorífico só tinha congelados, e na porta, pregados com íman, vários telefones de restaurantes e pizzarias. Gosto de receber flores, chocolates, cartões festivos, cartas românticas… qual mulher não gosta? Mas não precisava ser assim SEMPRE romântico. O acto sexual já me contentaria se, só vez ou outra pudesse ser algo diferente, mais cheio de desejo, mais vulgar, mais animal. Ah, não sei bem o que eu quero que mude no sexo. Só quero que mude de vez em quando. Só quero que ele se solte, ver que me deseja como um bicho feroz, ver que ele está com tanto tesão que não consegue se aguentar. Quero deixar de ver seu romantismo por alguns segundos e ver sua carcaça humana, aquela que toda gente tem, cheia de desejos e fantasias ocultas. Apesar do seu romantismo, sempre fico com a sensação de que ele é reprimido sexual. Preocupa-se tanto comigo na cama, quer tanto me deixar feliz… que por vezes quase se esquece dele próprio.

Nunca falei com ele dos meus desejos secretos. Um dia eu pedi para que ele me desse um tapa na bunda enquanto ele comia o meu cu, e ele bloqueou. (Diga-se de passagem, já foi um custo convencê-lo a comer-me o cu. Como eu via que ele nunca me propôs algo assim, uma noite dessas, tirei o pau de dentro da minha cona e meti no meu cuzinho. Ele gostou, é verdade, mas ah se não fosse a minha iniciativa!) Disse que não seria capaz de me bater. Ele é um homem tímido e reservado, mas acho que, se ele conseguisse se libertar um pouquinho, passaria a ser um leão na cama. O leão que eu desejava. Um dia disse-lhe que precisávamos de apimentar um pouco mais a nossa relação. Perguntei se ele não tinha alguma fantasia que quisesse me contar. Ele rodeou um pouco, parecia constrangido, mas depois perguntou-me se eu já havia estado com alguma mulher na cama. Eu disse que não, e era verdade. Visto que seria um constrangimento fazer uma proposta dessa para alguma das minhas amigas, ele sugeriu que contactássemos uma garota de programa. Eu nunca tinha fantasiado estar com uma mulher, mas se era para apimentar a nossa relação sexual, aquilo já seria um bom começo.

Procuramos no jornal por meninas que atendessem casais. Ligamos para várias delas, e algumas mostravam-se constrangidas por ouvir uma voz feminina. Passei-lhe o telefone e, apesar da sua timidez, tudo pareceu mais fácil. Decidimos por uma, depois de vários telefonemas. Foi ele a tratar de tudo. Ela viria ao nosso apartamento, às 21h, e o programa seria de uma hora. Liguei-lhe escondido, pela manhã, depois que o António havia combinado o horário. Identifiquei-me e fui clara: queria algo extremamente sensual e diferente, e confessei-lhe também que seria a minha primeira vez com uma mulher, e que estava fazendo-o para agradar meu marido e apimentar nossa relação. Ela mostrou-se compreensiva, e perguntou se eu gostaria que ela levasse algemas. Eu disse que sim, sem saber bem o que ela faria com isso. O combinado era que ela atenderia a nós os dois, e o António perguntou-me se eu tinha mesmo certeza que era isso que eu queria.

Chegou cinco minutos adiantada. Disse que por hábito adiantava o relógio, pois tinha sempre o vício de chegar atrasada aos compromissos. Era baixinha, não mais de 1.60m, mas isso só percebemos depois que ela tirou suas botas de cano alto, que quase lhe colocavam na altura do António. Tinha formas bem feitas, peitos médios e firmes, ( siliconados, foi o que eu pude supor à primeira vista, mas não eram ) cintura fina. Isso nós também só notamos depois que ela tirou o seu sobretudo, e o vestido que havia por baixo deste. Usava um conjunto de sutien, cinta-liga, collants e cueca… tudo em preto. Perguntei-me logo, em silêncio, onde estaria o defunto. Será que ela achou que o problema do meu marido era assim tão grave? Ri-me por dentro. Afinal tinha que admitir que ela estava sexy.

Primeiro havíamos encaminhado a menina ao quarto. O António todo educado, mas muito constrangido e nervoso. Ela começou a tirar da bolsa o que precisava: preservativos, gel lubrificante, algemas e uma venda preta. Sentou-se na cama e começou a tirar as botas, desapertando o longo fecho éclair. Depois levantou-se e tirou o sobretudo, e logo a seguir o vestido curto que trazia, mas que já denunciava as formas do seu corpo.

- Não vão se despir? – ela perguntou, de forma muito natural, e ficamos a olhar um para o outro. – Ah, já vi que são tímidos… Quer que eu os ajude? Qual dos dois querem ser despidos por mim primeiro?

Olhou-nos, e como não teve resposta, veio directo a mim. Achei educado da parte dela, porque, em outros casos, se eu fosse uma mulher exageradamente ciumenta, acharia que ela estaria se atirando ao meu marido.

Foi levantando a minha t-shirt, sem tirar os olhos de dentro dos meus. Depois segurou no fecho da minha calça, com força, e, segurando também com a outra mão no meu cinto, foi empurrando-me para trás, até minhas costas baterem na parede. Fiquei ali, imóvel, sentindo a parede fria nas minhas costas. Senti que ela abria meu fecho, bem devagar, e ia descendo minhas calças com cuidado, abaixando-se também até o chão, ajudando-me a arrancar as calças das pernas. Depois levantou-se, devagar, ralando seus peitos pelas minhas pernas, minha cona, minha barriga, e até seus seios encontrarem-se com os meus, e seus olhos me penetrarem firme e fortemente, como que um cacete entre minhas pernas.

- És muito bonita. – ela disse-me.
Virou-se de costas para mim, eu ainda encostada na parede, encostando seu rabo na minha cona, e pediu, com uma voz sedutora, que eu desapertasse-lhe o sutien.
- Agora vem cá… - ela curvou o dedo, depois chamando o meu marido. Ele primeiro olhou pra mim, e eu fiz um sim com os olhos. Ela tirou o resto do sutien e ficou com os biquinhos dos seios apontados para ele.

Começou a desabotoar-lhe todos os botões e a jogar sua camisa para um canto qualquer. Desapertou-lhe o cinto. “Pode tocar-me” – ela disse-me, virando o pescoço para mim. Coloquei minha mão nos seus seios macios, com leveza. Ela tirou a mão da calça do meu marido e colocou sob as minhas, mostrando como deveria acariciar seus seios, com um pouco mais de intensidade e fazendo movimentos circulares. Ela levantou um pouco a cabeça e vi que olhava dentro dos olhos do António. Começou a rebolar na minha frente, bem colada ao meu corpo, enquanto eu tocava-lhe nas mamas. Pegou na minha mão direita e colocou no pénis do meu marido. Estava duro, mesmo por cima da calça, e ela já tinha percebido. Voltei a minha mão ao peito dela, incentivada pelo tesão do António. Ela começou a desapertar-lhe os botões das calças, mas ele preferiu tirá-las sozinho, sentando-se na cama e nos observando. Tirou a sua cueca enquanto eu lhe acariciava as mamas. Depois virou-se para mim e tirou minha cueca com os dentes. Aquele frio da parede nas minhas costas parecia me deixar mais excitada. Ele ainda não tinha tirado a cueca. Ela olhou maliciosamente para ele e voltou-se para mim. Pegou nas minhas mamas e colocou na sua boca, e ficava saboreando os biquinhos do meu peito. Trocava olhares comigo e com o meu marido. Ele tirou a cueca, e estava mesmo rijo.

- Algeme-a na cama! – ela ordenou, com uma voz menos meiga e mais decidida do que quando havia chegado.
Ele ficou parado, atónito.
- Algeme-a agora ou eu pego o meu chicote na bolsa! – a voz dela agora era firme, quase rude.

Fui algemada por ele, enquanto ela colocava uma venda nos meus olhos. Ela começou a passar instruções para ele quase em silêncio, para que eu não soubesse o que se ia passar. Senti várias mãos percorrerem o meu corpo. Duas mãos eram fortes, mas tocavam de leve. Outra mão era leve, e tocava com mais intensidade. Sabia quais eram as mãos do meu marido e quais eram as dela. Possivelmente instruído por ela, ele começou a aumentar a intensidade. Ouvi-a dizer baixinho: “Toque-a que ela não vai te morder. Ela está amarrada, está te desejando, e tudo o que você tem a fazer agora é mostrar-lhe o quanto também a deseja. Faça-a sentir o seu desejo mais profundo!”

Alguns instantes depois, as mãos pararam. Senti duas pessoas se aproximarem do meu lado, e meus dois seios foram chupados ao mesmo tempo. Sentia a barba dele, feita pela manhã de um lado, e a pele lisa dela do outro. Não sei definir qual era a melhor sensação, mas sei que as duas eram muito boas. Talvez seja justamente a diferença de sensações que começou a me deixar ainda mais excitada. Ela mudou a maneira que chupava meus peitos, começando a lambê-los, como se fosse um cachorrinho. Senti ele fazer o mesmo. Eu já começava a tentar levantar a minha cona e minhas pernas balançavam, pois estava amarrada e nada podia fazer. Não via nada, e aquilo me deixava em ponto de bala. Em certos momentos tive uma sensação de desespero. Queria chupa-los aos dois, tocá-los, pedir para que o meu marido penetrasse. Mas tudo até aí estava tão bom, que achei que seria interessante deixá-la continuar a conduzir. O mistério, não saber o que viria a seguir, também me fascinavam.

Senti o meu marido deixar o meu peito. Onde estaria ele? Será que agora ela me torturaria, fazendo eu ouvi-la a foder com o meu marido? Mas não… Senti uma pessoa entrando por entre as minhas pernas. Era o meu marido, que vinha chupar-me a cona… Ela continuava chupando o meu peito, e acariciava o outro com as mãos. Depois abandonou-os, e foi chupar o meu grelinho, fazendo companhia ao meu marido nos meus “países baixos”. Foi muito excitante ter duas línguas a chupar-me. Eu contraía cada vez mais minha cona, já quase a gozar. De repente senti o colchão afundar-se um pouco. Eram os joelhos do António, cada um de um lado das minhas ancas. Ele meteu-me, sentado em cima de mim. Me deu um beijo na boca, e senti uma mão passar debaixo do nosso beijo, para os meus peitos. Era ela. Ele parou de me beijar e concentrou-se na penetração. Ela estava agora chupando as minhas orelhas. Senti o vapor vindo da sua boca, a sua língua gelada… arrepiei-me de tesão. A seguir sinto algo doce na minha boca: era o seio dela. Ela devia estar bem com as mamas por cima de mim. Comecei a chupá-las, da mesma maneira que ela me chupou. Meu marido parecia cada vez mais excitado. Não estava ali apenas o meu marido, mas o meu macho, a cavalgar com o seu cacete dentro da minha cona enquanto eu chupava os seios de uma mulher. Depois ela sumiu, e senti meu marido aumentar o ritmo. Ela apareceu novamente, mexendo nas minhas pernas. Senti sua mão subir, subir, até que um dedo entrou no meu cu e dei um uivo de prazer. A seguir ela colocou o segundo dedo, metendo mais forte.

Ouvi um zumbido. Era ela a cochichar-lhe. Meu marido começou a gritar, a dizer palavrões, a chamar-me nomes, a dizer que a minha cona era deliciosa, coisa que ele nunca fizera antes durante o sexo. Era justamente o que eu queria, o meu marido estava se libertando.

Ela enfiou outro dedo no meu cu, o terceiro, e ficou metendo, como um macho devorador e faminto.

- Me dá esse seu cu guloso! – ela dizia.
- Ai, que bom, uiiiiiiiii… Ai que delícia… Continua… - eu sussurrava.
- Puta que pariu… Que foda boa… caraaaaaaaalho… eu vou esporrar… - ele gritava.

Resolvi que não ia mais me segurar, e ele disse-me que também ia gozar. Ele aumentou os movimentos. Ela tirou o dedo do meu cu quando minhas pernas começaram a tremer. Gritei de tesão quando atingi o orgasmo. Ele uivou. Senti seu pénis começar a latejar dentro de mim.

Senti que alguém tirava as vendas dos meus olhos: era ela. Meu marido ainda estava em cima de mim. Foi até ele, segurou no seu pau que estava dentro de mim e colocou-o para fora, fazendo respingar as últimas gotas de porra em cima da minha barriga.

Estávamos com um sorriso aberto de contentamento e começamos a nos beijar. Ele tirava-me as algemas para que eu pudesse abraçá-lo. Ela deixou-nos a sós, recolhendo suas coisas e levando para a casa de banho. Depois de longos beijos com o meu marido, fui atrás dela, porque eu estava toda suja de porra. Ela acabava de sair do duche, e estava se enxugando com a minha toalha. “Como correu?” – ela perguntou. “Incrível” – foi o que eu respondi, perguntando-a se ela tinha mesmo um chicote naquela bolsa tão pequenina. Ela me disse que tinha blefado, para ele poder ter mais iniciativa. Tomei um duche rápido e vesti um roupão.

Fomos até o quarto para ela se despedir do meu marido. Ele ainda estava nu. Cumprimentaram-se com dois beijos na face, e ele agradeceu. Levei-a até a porta da sala, mas antes dela ir embora eu fiz-lhe uma proposta:

- Espera, vem cá. – E abri a minha carteira que estava na gaveta da estante. – Te dou mais cinquenta por cento daquilo que já te damos mais cedo para você me contar o que realmente se passou que deixou meu marido tão louco. - Eu compreendia que, por eu estar vendada, era natural que meu marido se libertasse, porque afinal sou a mulher que ele ama, e portanto, poderia sentir-se constrangido com o meu olhar. Mas havia mais qualquer coisa ali.
- Se contar, perco minha clientela…
- Te pago o dobro…
Ela olhou para o dinheiro na minha mão e aceitou. O que ela me contou a seguir mudou completamente nossa vida sexual, para muito melhor.

- Não era para eu te contar… Mas fica sendo um segredinho nosso, entre mulheres, está bem?
Disse que “Está bem”, quase sem pronunciar bem as palavras, de tanta excitação e curiosidade, depois de entregar-lhe o dinheiro.
- Ok… Sabe aquela hora em que seu marido te comia, sentado no teu colo, e eu comecei a meter os dedos no teu cu?
- Sim, lembro, e daí?
- Dois dedos da minha outra mão estavam dentro do cu dele!

Amante Profissional

Sunday, January 01, 2006

AGUARDE...

Em breve, novos contos eróticos. Feliz 2006!!!!!

Amante Profissional